segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Noites que nos despem...

Uma janela nos separa
dentro das paredes mofadas
do que há do outro lado do concreto
sincero parece ser mais do que o que existe aqui
por hora nada mais é tão visceral do que tomar café fumando cigarros
cinzas caem nos cantos da noite
sem saber das lembranças que se queimam
não importa a música que toca
se não te toca
toca-me de leve até a força da distância
escondia os dias no sono de criança
acordaria adulta?
talvez noutro sonho
noutra fantasia
esta aqui que me parece real
separa o meu do que é seu
por que a necessidade de possuir?
por que ao final desapegar?
desfaz o dilúvio de água aquecida
motor de fogo em entranhas
amortece o peso dos dias
transforma e ferve essa água
sopra um poema para o infinito
sem gritos
sem gemidos
contente contenha-se
cruza os dentes na língua
da fala reduzida aos outros
aos livros
nada tão original quanto a cópia revisitada
do passado empoeirado
de que somos feitos
pó de nós mesmos
obscurecimento intelectual renovado
poucos são loucos de mudar
normais de tentar
doenças, moléstias, pus cerebral
o céu de tão azul parece irritar
irrita-me de alegria
um desafio parece ser simplesmente respirar
mas o canto ainda não tomou forma nas palavras dançantes no ar
a matéria do sólido que quer mais matéria
solidifica num canto o ar?
impossível!
te disse, desiste
apanhava as flores só para recolher os espinhos
o perfume nos dedos retidos pela narina
entra na corrente sanguínea
mas quando morre
fede
vira verme de vermes
talvez noutra
em outra...
por que nesta é isso!
entende?

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