domingo, 19 de novembro de 2017

Veneno e cura

Eu furo a melancolia
escondida de outros Deuses,
os que ainda dançam e
voltam ao espetáculo das Deusas.
Vou saborear cada arrepio
encontrado nas peles
nos corpos carregados de mim.
Ao prazer um brinde!
Outra meia dúzia
de poemas pulsantes
intransigência dos olhares.
Naquele instante
voava
solta nas ilusões...
Tão decentes que me depravo!
Sobrevivência da carne desejante
Entre as paixões de fuga
os gostos, os toques e líquidos.
O quente que percorre
minhas águas
confundindo-me em
veneno e cura.

Imagem: Rhys Cooper

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Areia movediça

Quantos cristais caídos nos foram dados de longe do ar? Talvez despidos dos silêncios encarcerados por tempos dentro de outros tempos, distantes demais dos olhos do agora. A moça voltou após anos de chuva. Secando aos poucos da velocidade cega e úmida. Encontrou outras criaturas, tão belas que assustavam. Feras famintas que comiam o cerne dos rins humanos, o rim filtra. Quase sólido, o sangue daquele dia. Voltava a cabeça naquela euforia, vibrava sem quase respirar... Um pouco antes de parar o pulso, sentiu um risco, no ventre vazio. Voava sem legendas e sem permissão, logrou de beijos o amante, diante da loucura do verme, entregue diante as pernas. Ventanias distraídas, por falta de atenção, apenas. Não há mais espaço e nem disciplina, galopava entre as nervuras. Águas benditas! Voltava todos os dias para a vida. 


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Uma pitada de flor
trago para seu dia
antes que anoiteça
e o imprevisto de te querer
me deixa só
antes de mais nada só.


terça-feira, 20 de junho de 2017

Tempo

Os dias passam sem a importância dos meus quereres
não querem saber dos gostos do meu agrado
eu que me adeque
no existir de mim mesma
nesses dias
meses
anos
séculos
vidas
vindas
mortes
saudade.


segunda-feira, 29 de maio de 2017

Desordem

Uma poeira no canto dos sentimentos encobria a ruína da tua passagem, os desgastes que te obrigas por culpa, quanta nódoa nos seus sentimentos! 
Duvidava da tua capacidade de ajustes, os corvos do destino estão comendo o podre da tua carne, paralisada diante de vocês que não me compreendem, como ver a certeza do olhar?
Uma corrente presa ao portão da mágoa, sorri agora tão disfarçada de doçura, escorre pelo canto da boca, o doce dos meus próprios beijos.
Me lambuzo. 



domingo, 28 de maio de 2017

Narciso

A água e o sangue descendo nos rios de mim,
inundada estou, que beleza vazia, contemplada na água límpida.


sexta-feira, 26 de maio de 2017

Terra

A movimentação que trazia os meios daquela época de nossas juventudes, gostava de contar histórias e outros contos. Novelas ditadas por seus próprios personagens, nada traziam de novo, mas o velho hábito de adorarem a si mesmos. Velhos espantalhos mal amados, não respeitavam mais as ordens de Saturno, pouco caso fizeram, o merecimento do espelho quebrado, um ato atroz para nossos vícios tão estimados. Agonizam no já!

Aquela piegas velhice caridosa, borrada de sangue cumprimentava os seus e os outros como doces de sebo. A transparência que causa obscurecimento por se mostrar, realidade codificada nas mentes torcidas de anos a fio, regrado, nos limites daquela significativa novidade, do amor dentro de si. Tão velhos sábios que dormem, decodificar o amor na ação. A qualidade da afeição que eu dou pra ti, vai ser o mais íntimo de  mim. Goste, não goste, o gosto.

No horizonte sumiram as metas.
Os pés no presente.
Chão.
Terra.


Veneno e cura

Eu furo a melancolia escondida de outros Deuses, os que ainda dançam e voltam ao espetáculo das Deusas. Vou saborear cada arrepio enco...