Algumas palavras pintadas de nada
após o último soneto romântico
dizem silêncios ruidosos
segredos que moram
há tempos nos corações
alguns desses vagueiam
por horas a fio
horas de eternidade
não sei como cabe tudo isso em um coração
como medir o eterno?
que eu me lembre não lembro de nada!
O olho do outro lado
do homem
observando por dentro
o lento
absorvendo o frio
da rua noturna vazia
naquela esquina a mulher de azul
dançava para nada e ninguém
o olho do homem não era
capaz de captá-la
nem por segundo de tempo
outro olho de longe
viu bem de perto
o corte na orelha dela
quanto fragmento de veneno
consta nas velhas contas passadas
afogadas de pó em pó
qualquer regresso revela
a volta
o revirado do estudo
dos atos
dos passos
no franzir da testa
largou definitivamente
os cigarros.