terça-feira, 30 de outubro de 2012

Etéreos

O fogo dá o estalo para a vida
dentro do corpo o feto vive de água
aconchegado no morno
nos sentimentos e sensações que esquecemos
ao respirar, tomar ar e começar a pensar
mais além é terra é sustento
proteção concreta
abstrações continuam
análises de um ventre de moradia
de choros não consolados
do peito da mãe
do colo do pai
criança que coisa é essa?
preparação para ser adulto?
que coisa é essa?
somos o que fomos e o que seremos
por que tanta armadilha para pegar alma e coração?
saquear o interior
para depois no vazio se encher
encher o saco
a pança
a cabeça
e lá no mundo da humanidade
insanidade normalizada 
disfarça-se todos os dias para bater o ponto e ir trabalhar
a máquina não para
a boca mastiga
mas nem todas
algumas rangem os dentes, apenas
corroendo o que se alcança
não gasta mais os dias 
deve os dias
debita na conta cármica
talvez paga noutra vida
mas se é só essa que é sentida na pele
e as outras peles?
algumas se roçam
se tocam
penetram de fogo
na água descansa
despertando de ar
com as raízes na terra
mas os sonhos, fantasias, delírios, loucuras, devaneios
são etéreos...
continua
ainda continua
e os anciãos? as anciãs?
fogo, água, terra, ar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Veneno e cura

Eu furo a melancolia escondida de outros Deuses, os que ainda dançam e voltam ao espetáculo das Deusas. Vou saborear cada arrepio enco...