quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pássaro sem asas

Quando há vi seus olhos falaram-me do vazio, pude ouvir seu silêncio que sussurrava canções não cantadas, o barulho que dela saía ecoou nos meus sentidos, eram gritos outrora sufocados, por instantes de eternidade soube o que deveria ser esquecido. Não falava palavras, era tato,  com tanto ato. A retina refletida no espelho, suava o corte vermelho, suas mãos desenhavam ao ar, sonhos que também eram meus. Como era possível? Era somente! Minha mente sedenta por explicações, obrigou-se a apenas contemplar. Depois de horas marcadas, daquelas que não querem passar, revelou-me segredos, tais que me dilataram, tanto as unhas arranhar. As marcas de seu rosto, fundos traços, estradas por onde foi cemear, fumaça de cigarros, carreiras, tragos, becos e esquinas, ah! não posso deixar de falar da menina, seu rosto, seus traços, juventude no palco, tangos, boleros, homens e pés, noites de cabarés. Ilusões que tecem o drama, subterfúgios pra propaganda. Estrela de brilho fosco, já desceu ao poço, sem corda. Tiraram-lhe a inocência, augúrios anunciaram à redenção. Veio o pássaro sem asas repousar ao lado dela, ela já era sem alma.

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