Entre um devaneio e um ponto na realidade
refaço todos os meus erros
agora diferente, de trás pra frente
entre versos e recortes
cortes das vísceras vivas
de um artista decadente
aquele que não se reconhece
nem diante do espelho
do reflexo
Nas cinzas partidas no ar
virão de outros sons
outras formas vão dançando
nada que tinha razão
obedece nem mais um dia
outra noite vazia
calculando a demora das foices
dos registros, dos protocolos
dos currículos
Cada vez mais e mais
são lançados a revelia
um punhado de achismo
de sofismo nada niilismo
podemos desvendar na arte
a arte?
Quem tem a palavra exata
para agradar a ávida platéia
que entorpece de dúvida
entendimento descontentamento
crítica
uma rajada de nós mentais
intelectuais vorazes em destruir
o sonho do poeta
Mas calma volta lá
e escreve um decassílabo às avessas
sem rima, dança com a disritmia aguda do coração
com o veneno das ondas daquele movimento
faceiro de sexo vivo
ou será um enigma que envolve
o gole foi sorvido, na garganta fez-se a passagem
devolve minhas ranhuras
Acabava o verão e tudo que era brilhantemente ao sol
caiu no chão.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
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