domingo, 19 de agosto de 2012

Finita

Fazia de estrelas seu telhado
e de lodo o seu chão
nunca come
nem respira
devora
de dentro teu inferno
lamento
tristeza amarga
ferida
gostava de cutucar a ferida
sangrava e sorria
caminhou muito naquela noite
não podemos nem medir distâncias
entre becos
valas
pelo lixo
o cheiro era amargo
sentia-o na garganta
vacilava a cada encontro
com o outro
seu outro eu
outros eus
alguns roubaram-lhe a dignidade
esperança nem uma gota restou
era triste
sim
mas também era vida
o contrário da felicidade
habitava sua alma
como vencer a noite de seus dias
dizem que um dia dormiu
sem apagar as estrelas
na manhã que acordou
não se opôs ao nascer do sol
deixa pra lá
jogou fora a chave do quarto
plantou rosas e margaridas
pegou o estrume do que fedia
encheu de gasolina
larga de promessa
volta a fazer poesia
escreve na pele
impressa de dor
conheço teu medo
é medo
sombras
de um lado você grita
sabe-se finita.

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