terça-feira, 11 de setembro de 2012

Do tempo II

Se eu confundir as horas com os dias
o que irá restar dos meses dos anos?
o último relógio estava quebrado
não marcava horas
não pensava tempo
era um objeto de si mesmo
parado no seu íntimo
curtindo seu ritmo
parado era e é seu estado de vida
objeto também tem vida
da natureza não é só a natureza
no concreto orgânico do discurso
aquele que corrige os movimentos
que infringe as regras
postas à prova
mas se eu não tiver calendário que me ancore
irei caminhar para ontem
num momento que amanhã se torne hoje
e assim será que encontro?
talvez o elo que desligue
minha agenda do seu compromisso
minhas noites tão claras
passadas com olhos abertos
até o primeiro grito do dia
sem um ponto para bater
sem um café para passar
mas quem sabe um cigarro apagar
vou aguar o asfalto
marcar de espinhos o caminho
porque de placas avessas
tão certeiras que não compreendo
qual o seu sentido.

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