domingo, 12 de fevereiro de 2012

Amor e ódio sem fim

A pintura se desfaz
entre um sorriso e um grito
os traços que eram perfeitos
humanos
apenas
algo no hálito quente
entorpece
endurece
molha
a pele
o vidro está quebrado
os cacos
ferem as mãos
sangra sangue vão
por pelos
poros
os olhos
a pupila dilatada
o fogo na garganta
ânsia
maldita música de amor
embalo falso do compasso 
do passista
musa dionisíaca 
Afrodite de quinta
a quinta
quina na testa
cega
lúcida 
renúncia
a carne pulsa
veneno contra o tempo
os ratos 
os becos
os bêbados
tanta liberdade
por pouca compaixão
ainda há coração
no cérebro falta emoção
plásticos 
rostos
quadrados
o outro lado
do mesmo disco
escuto e repito
por fora 
por dentro
no meio 
o medo
anseio
aperto
as asas
abertas ao voo
tanta tolice
não sai do chão
voar é leve 
cimento
cinza
arrastam vidas
fantoches em piscinas
peixe no aquário
pássaro em gaiola
por dentro uma força
que quebra todas as portas
sem disfarce
sem regras
entrega
a fera é liberta
adentra a floresta
lama
lodo
a pureza
dos dias de sol
encontra
o mistério noturno
todo dia é assim
somos assim
um misto
de amor e ódio sem fim.


 

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