talvez tivesse deixado para trás
todas aquelas angústias de dias após dias
mas não era nada, nunca era tarde
pois insistentemente voava
deixava pegadas aéreas por onde passava
uma leveza de ser
que se refazia a cada noite
sob a luz da lua era o comprometimento devido
entre os seres que se amam e se deixam ir
ora riam, ora choravam
nada mais importava naquela madrugada
era somente o prazer que queriam
cada um a sua maneira
tão criativa e cheia de ardis
assim eram felizes ou fingiam ser
isso não saberemos mais
já é tarde para requerer verdades
faltavam algumas páginas
para o livro dos sonhos
um horizonte oracular
vinha mais e mais perto
assim pela janela
entravam as fadas, as sílfides
proteção era necessária
nada mais poderia escapar ao silêncio
discreto do coração
ao calor interno do sexo
nada mais seria como antes
tristeza rolava nos olhos feito lágrimas
alguma coisa tão nova nascia
eram flores no terraço
cimento aquecido de sol em sol
assim mesmo, refazia-se das dores
asfálticas de cada nó na cabeça
a entrada de ar por dentro refresca
se vai até o fundo do ventre
solta tudo que se prende
libera um grilhão de passado
e futuro.
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